Tudo indica que este ano o rendimento com a compra de um imóvel continuará a ser maior que o de aplicações financeiras, que quase não têm oferecido ganho real
Vem de décadas a preferência do investidor mineiro pelo mercado imobiliário. Com as perspectivas econômicas, então, ele certamente vai querer fazer jus à fama de conservador. Tudo indica que este ano o rendimento com a compra de um imóvel continuará a ser maior que o de aplicações financeiras, que quase não têm oferecido ganho real. Para ajudar quem se interessa em ganhar dinheiro com o setor imobiliário, o Lugar Certo ouviu especialistas que revelam quais são as apostas para este ano.
Imóvel é um investimento atrativo porque reúne rentabilidade e segurança, o que faz com que tenha boa liquidez. A avaliação é do presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI-MG), Evandro Negrão de Lima, que enxerga o segmento econômico como o mais promissor na área residencial. Para o especialista, a procura hoje é maior por moradia de até R$ 200 mil, incluindo as do programa do governo federal Minha casa, minha vida. As condições atuais de financiamento, aliadas a uma taxa de desemprego em baixa histórica, impulsionam esse nicho de mercado. “Quanto mais baixos os juros e maior a oferta de crédito, mais pessoas podem comprar imóvel. Isso gera demanda e sobe o preço”, destaca.
O diretor da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Bráulio Franco Garcia, aposta no investimento em imóveis menores, que podem atender diferentes perfis, como executivos de mudança, solteiros, divorciados, idosos que querem morar em apartamento mais compacto ou jovem que vem do interior para estudar. “A rotatividade pode até ser maior, mas a demanda é grande e constante”, pontua. Garcia acredita ser mais assertivo comprar um imóvel nas áreas centrais, mas também diz ser interessante regiões próximas a faculdades, como Grajaú e Nova Suíça, na Região Oeste de BH. Nesses bairros os preços são mais acessíveis e a tendência é de valorização.
OPORTUNIDADES
Para a empresária Liliane Carneiro Costa, da LCC Imóveis, investir em apartamento na planta sempre é garantia de bom negócio. “Dá para comprar com preço diferenciado e ter mais tempo para pagar. Quando compra um imóvel pronto, você visualiza mais facilmente para onde foi o dinheiro, mas perde em condição de pagamento”, opina. Liliane recomenda ao investidor ficar de olho nas oportunidades em lançamentos, mesmo que tenha que esperar para ter retorno. Outra dica é avaliar, com ajuda profissional, se o empreendimento é favorável e estudar bem o contrato.
O bom investimento passa por aquilo que o consumidor quer. Por isso, o consultor e assessor da área de loteadoras da CMI/Secovi-MG José Carlos Manetta acredita ser interessante investir em lotes em condomínios. “Esse tipo de empreendimento, que permite contato com natureza, mais segurança e promove maior interação dos moradores, vai ter valorização muito grande. É o que o público procura, principalmente quem está fugindo do trânsito e da verticalização de BH”, avalia. Manetta ressalta que a aposta são os imóveis que tenham característica de primeira casa, ou seja, estejam mais próximas de serviços como escola, hospital e restaurante. Em Nova Lima, é possível encontrar terrenos de 1.000m² que valem cerca de R$ 400 mil.
Em vez de deixar dinheiro no banco, a empresária Eliane Capistrano lucra com a compra e venda de apartamentos de até 100 metros quadrados, voltados para as classes C e D |
Quem não tiver esse montante para investir pode optar por lotes em bairros abertos, mais disponíveis na Região Norte da capital, Contagem, Betim e Lagoa Santa. “Acredito que eles terão a mesma valorização que os condomínios, pois existe uma demanda reprimida”, destaca Manetta. De acordo com o consultor, é possível encontrar terrenos de 360m² a partir de R$ 100 mil, com toda a infraestrutura.
Rentabilidade em alta
Imóveis comerciais para locação apresentam boa taxa de retorno para o investidor, podendo chegar a 0,8% do valor. Escolha da unidade vai depender do perfil da região
Não basta comprar imóvel residencial. Para os especialistas, é interessante diversificar os investimentos, que este ano devem render dinheiro em comerciais. “Imóvel sempre foi e sempre será o melhor negócio. É mais seguro e rentável”, aponta o vice-presidente da área de imóveis prontos da Morus Imóveis, Lucas Reis. A aposta dele é no aluguel de salas e lojas, já que a rentabilidade do comercial pode chegar a 0,8% do seu valor, enquanto o residencial não rende mais que 0,5%. Reis diz que a escolha do tipo de imóvel vai depender do perfil da região. “Uma loja em avenida bem movimentada é mais atrativa que um andar. Já na região hospitalar, a demanda maior é por sala”, exemplifica. Nos últimos meses, aumentou a procura por imóveis comerciais de grande porte.
Na opinião do presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI-MG), Evandro Negrão de Lima, o imóvel comercial com maior valorização e liquidez é a loja. A dica é ficar atento na hora de avaliar a localização. “Investir em um lugar onde o aluguel é mais caro não quer dizer que você vai ter melhor rentabilidade. A Região Centro-Sul, por exemplo, é a mais valorizada, mas, por outro lado, o custo do terreno é alto”, alerta. Lima observa que a Região da Pampulha oferece boas oportunidades.
Se tivesse que escolher um tipo de imóvel comercial, o diretor da Rede Imvista, Patrick Costa, não teria dúvida: investiria em galpão. “A construção é mais simples e rápida. Além disso, na maioria das vezes, o investidor consegue o inquilino antes de construir o imóvel e pode ter um contrato de locação mais longo”, ressalta. A melhor opção, ele diz, é apostar nas saídas da capital, entre elas a Linha Verde, BR-040 sentido Nova Lima e Via Expressa na direção de Contagem. Costa lembra que construir galpão exige um investimento maior – dependendo do tamanho, um lote hoje vale mais de R$ 1 milhão –, mas ele acredita que esse tipo de imóvel comercial sempre será um bom negócio.
Em relação ao setor hoteleiro, o diretor da Rede Imvista avalia que esse não é o melhor momento para aplicar o dinheiro. Costa destaca que o apelo inicial de investimento ocorreu há dois anos e por esse motivo a demanda já foi parcialmente suprida. Com a proximidade da Copa do Mundo, há uma quantidade grande de quartos disponíveis, o que leva à queda na rentabilidade.
DIVERSIFICAÇÃO
Imóvel foi e sempre será o melhor negócio. É mais seguro e rentável - Lucas Reis, vice-presidente da área de imóveis prontos da Morus Imóveis |
O vice-presidente da área de imóveis prontos da Morus Imóveis, Lucas Reis, enxerga outra vantagem de investir no setor comercial. A chance de ter problema com o inquilino é menor, quando comparada ao contrato para imóvel residencial. “Quando você faz o cadastro benfeito, garante os fiadores e confere toda a documentação da empresa, minimiza o risco de ter dor de cabeça”, pontua. A dica dele é sempre contar com a ajuda de uma imobiliária.
MEMÓRIA
Erro na lei estaciona setor
Em 1996, a Lei 7.166, que estabelecia as regras para construção em Belo Horizonte, foi publicada com um erro que desaqueceu o mercado de imóveis comerciais. Limitou-se a área construída sem licença de impacto em apenas seis mil metros quadrados, lembra o diretor da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Bráulio Franco Garcia. O erro só foi corrigido com a Lei 9.959, de 2010, que estendeu a área para 20 mil m², o que facilitou a viabilidade de empreendimentos comerciais. Agora a capital tem sido palco de inúmeros lançamentos, que haviam migrado para cidades vizinhas.
Quem quer morar em bairros mais caros mas não tem dinheiro para tanto só podia contar, até há pouco tempo, com uma opção: esperar os preços baixarem. O mercado agora passou a oferecer outra possibilidade: valores menores, mas não tão baixos assim, para apartamentos ainda menores. Algumas construtoras estão lançando apartamentos com cerca de 30 metros quadrados - menores que uma caçamba de grandes caminhões.
Essas pequenas habitações, em formato de estúdio ou com um dormitório, estão sendo chamadas pelas empresas de smart home (em inglês, smart quer dizer esperto, inteligente). Na cidade de São Paulo, há apartamentos desse tipo em locais como Bela Vista, Saúde, Butantã, Centro, Paraíso, Panambi, Campo Belo e Chácara Klabin.
Para Marcelo Moralles, diretor de desenvolvimento da Fernandez Mera, o conceito ganhou força nos últimos anos para atender os clientes que buscam praticidade na administração do imóvel, por conta do tamanho, e proximidade com o trabalho.
"Nossa empresa oferece unidades de 27 e 37 m² por em média R$ 350 mil. Por conta da pequena metragem, ele acaba sendo mais barato que os tradicionais e com uma estrutura muitas vezes mais moderna, por ser novo", afirma Moralles. A expressão smart home não é nova. Moralles conta que, entre 2000 e 2006, ela era usada para se referir a apartamentos com 2 ou 3 dormitórios feitos para atender a classe média que estava começando a vida, principalmente a conjugal. Mas atualmente o cenário é outro. Há mais gente morando sozinha, sobretudo divorciados.
"Muitos casais se separaram nos últimos anos, aumentando a procura por imóveis que atendam às novas necessidades. Um dos perfis de clientes de smart home é aquele que saiu de casa e hoje busca uma vida mais prática", comenta o diretor.
Em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), o gerente de vendas Anderson Edmilson Silva, da Construtora Pagano, nota outro tipo de comprador ou inquilino para domicílio de 36,5 m².
"Temos dois públicos compradores de apartamentos com essa metragem: o conversador, que compra para investir, e o mais moderno, que corresponde a uma demanda universitária forte da cidade", diz Silva. Silva afirma que os imóveis com pequenas metragens são ideais para quem quer morar sozinho e pagar menos.
"O aluguel varia entre R$ 1 mil e R$ 1.100. Como são pequenos, conseguimos aumentar a quantidade de unidades num prédio, o que tem efeito direto sobre o valor do condomínio. Nosso empreendimento tem infraestrutura de lazer completa e os moradores pagam apenas R$ 190 de condomínio", conta o gerente de vendas