Se você tem dinheiro sobrando e não sabe onde aplicar, que tal investir em um imóvel usado ou novo? Usando a máxima de comprar na baixa, os preços nunca estiveram tão convidativos a julgar pelos números do Secovi de São Paulo, o sindicato da habitação, considerado termômetro na região metropolitana da capital paulista.
O presidente do Secovi, Flávio Amary, prestes a completar um ano à frente da entidade, conversou com o portal da DINHEIRO sobre o momento econômico e as novidades no setor imobiliário. Confira.
Como está o mercado imobiliário hoje?
Vivemos uma situação ainda de crise, foram dois anos consecutivos de queda. Segundo dados da nossa entidade, a previsão para o fechamento do ano de 2016 é de redução nas vendas em torno de 15% de imóveis na região metropolitana de São Paulo. Isto representa algo entre 16 mil a 17 mil unidades comercializadas. Somente no caso dos lançamentos, a redução é de 20% a 25% em relação ao ano anterior, um total entre 17 a 18 mil unidades lançadas. Lembrando que em 2015 houve uma queda 6,6% nas vendas e de 32,4% nos lançamentos.
O que isto representa na prática?
Com dois anos ruins a melhora será aos poucos, aguardando uma reversão de expectativas e retomada do crescimento econômico. Uma situação que nos preocupa é o índice de confiança do consumidor, sinalizador para a compra de imóveis, que está hoje muito baixo. O fato é que a preocupação com a economia e o desemprego alto afeta a confiança dos investidores na hora de fechar negócio.
Como esse cenário se traduz nos preços?
Para você ter uma ideia alguns imóveis novos usados estão hoje, em termos de custo, mais baratos do que construir um novo, o que é atípico. É o caso de imóveis na cidade de Santos, por exemplo, que vivenciou a euforia do pré-sal. Lá existem diversos imóveis, tanto residenciais como para comércio, que estão abaixo do preço de custo de uma construção nova por conta do cenário atual.
Em 2016 o índice da Bolsa, o Ibovespa, teve uma valorização de 38,9%. Não há como se mensurar os preços dos imóveis já que são questões específicas, mas como investimento certamente perdeu para outros ativos como ações. Por este raciocínio, pode-se dizer que o momento é bom para se investir em imóveis já que os preços baixaram muito?
Para quem vai investir, o momento é, sem dúvida, bom porque os preços estão atrativos. O dinheiro não sumiu no mercado, ele existe. Isto quer dizer que há condições de se fazer bons negócios. Mas é preciso lembrar que imóvel é um investimento de longo prazo para quem aplica. Ou, em outra situação, o de realização do sonho da casa própria. São coisas distintas quando comparamos aplicar no mercado de capitais. E, importante para quem vai comprar, não se deve comprometer mais do que 30 ou 40% em financiamento bancário. E nesses casos que citei, somente para aquisição do primeiro imóvel, já que os juros cobrados nos financiamentos estão ainda muito altos, exceção para programas habitacionais populares como o Minha Casa Minha Vida.
E para quem precisa vender um imóvel hoje?
Certamente não é o melhor momento, a não ser que precise de caixa para sair do endividamento bancário. Aconselharia, para quem tem fôlego financeiro, aguardar. Esperar um pouco mais para uma melhora do cenário. Mas cada caso é um caso, não é possível generalizar.
Em relação aos imóveis de alto padrão, houve mudanças com a crise?
Nos imóveis de alto padrão a negociação é diferente, mas, sem dúvida, houve impacto nos preços, para baixo, com a crise econômica.
A mudança nos preços também representou alterações em lançamentos? O que mudou?
Sem dúvida, houve alterações ao longo dos anos, adaptações à nova realidade. O apartamento flat do passado está dando espaço ao apartamento funcional menor, cuja metragem oscila entre 20 a 40 metros quadrados, com boa localização. São ideias, conceitos novos, como a da economia compartilhada de espaço. Você não precisa necessariamente ter vários eletrodomésticos em casa, mas socializá-los com outros condôminos. Uma furadeira elétrica, para citar um exemplo. Além de espaços comuns para festas, academias entre outros.
O setor imobiliário criticou o Plano Diretor do ex-prefeito Fernando Haddad para a cidade de São Paulo. O Secovi parece que irá negociar alguns pontos com o novo prefeito Doria. Quais são esses pontos?
Teremos uma conversa com o novo prefeito, já agendada, para flexibilizar alguns pontos do Plano que nos parece inadequado. Queremos discutir pontos específicos como preço para outorga de imóveis, tentar negociar o número de garagens para alguns empreendimentos que são muito rígidos. Estamos otimistas que seremos ouvidos.
Qual a sua dica para quem pretende comprar seu primeiro imóvel ou mesmo investir no setor?
É preciso procurar, olhar com muita calma. Investir se estiver capitalizado porque o momento é propício, mas sem se endividar.
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