O REFINANCIAMENTO DAS PARCELAS JÁ PAGAS DO CRÉDITO HABITACIONAL PODE COLOCAR UM BOM DINHEIRO NAS MÃOS DAS PESSOAS FÍSICAS E ESSA É UMA MEDIDA QUE DEVERÁ SER ANUNCIADA EM BREVE
O governo estuda editar mais medidas para melhorar a oferta de crédito na economia. Uma das propostas feitas pelos bancos e que está sendo analisada pelo Banco Central é a do refinanciamento de parcelas já pagas do crédito imobiliário. Outra é o aumento do faturamento, hoje limitado a R$ 10 milhões, das empresas que têm acesso ao financiamento da folha de salários. Esse valor poderá aumentar em até quatro ou cinco vezes, para melhor atender à demanda no período de calamidade pública por força da pandemia.
O refinanciamento das parcelas já pagas do crédito habitacional pode colocar um bom dinheiro nas mãos das pessoas físicas e essa é uma medida que deverá ser anunciada em breve.
Os empréstimos para financiar a folha de salário não tiveram muita procura. Criada por sugestão os bancos, essa linha que poderia chegar a RS 40 bilhões, com o risco dividido entre o Tesouro Nacional, que arca com 85% e os bancos, com 15%, tem até o momento apenas R$ 1,49 bilhão alocados em 50.099 contratos.
Segundo informações colhidas junto às instituições financeiras, o financiamento para cobrir a folha de salários não foi muito bem recebido pelas empresas porque elas teriam que se comprometer em não demitir por alguns meses. Sem ter uma exata noção do futuro, as empresas temiam por ficar com uma dívida e não ter como cortar custos. Além do que, o valor do crédito disponível foi super dimensionado e, também, porque vários tomadores não tinham certidão negativa de débito (CND).
Por força do ofício, os bancos tem que ter cautela para assumir riscos por que, afinal, eles lidam com dinheiro dos depositantes. A inadimplência está subindo e vai subir mais, segundo fontes da área financeira, exigindo mais provisionamento. Grandes empresas do setor automobilístico procuraram os bancos para obter financiamentos, mas sem garantias pois a matriz não autorizou a essas companhias multinacionais conceder garantias.
Talvez haja cautela excessiva por parte do sistema bancário, mas há, também, certa má vontade por parte da sociedade com este setor. Os lucros parecem por demais exorbitantes advindos do elevado custo do dinheiro. E mesmo agora, com a taxa básica de juros (Selic) no seu patamar mais baixo, de apenas 3% ao ano, os bancos continuam cobrando juros de três dígitos para certos segmentos tais como cheque especial e cartão de crédito.
Isso, associado a queixas de empresas que não conseguiram tomar crédito, inspirou alguns senadores a patrocinar uma pauta “bomba” para o sistema financeiro, que não estaria colaborando a contento na crise do coronavírus. Dessa pauta constam desde o tabelamento dos juros em 20% ao ano para cartão de crédito e cheque especial; elevação da alíquota de 20% para 50% da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos; suspensão da cobrança do crédito consignado, dentre várias outras. São medidas duras que, inclusive, ferem a Constituição de 88 na avaliação de fontes do setor.
O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, questionado sobre a reação do Senado, disse que via tal atitude com grande “frustração”, pois, “talvez por ingenuidade minha, pensei que nesta crise -— que não foi produzida pelo sistema financeiro — pudéssemos ser vistos de uma forma diferente, sermos menos atacados”. Isto porque “o papel dos bancos na superação da crise deverá ser muito importante” e há, garante ele, “uma total convergência de interesses entre os bancos e os seus clientes”. Ou seja, não interessa aos agentes financeiros criar mais dificuldades para a sua clientela. Interessa, sim, que as empresas tenham equilíbrio financeiro até para que paguem os empréstimos já tomados.
Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre os dias 16 de março, quando começou o isolamento social, até 30 de abril foram R$ 472,6 bilhões entre contratações, renovações e suspensão de parcelas. Desse total, R$ 326,8 bilhões representaram novas contratações de crédito que somados a R$ 49 bilhões em parcelas suspensas, significaram uma injeção de R$ 367,6 bilhões de dinheiro novo na economia. Comparados à média por dia útil com igual período de 2019, isso significou um crescimento de 75,5%, por conta da crise, além de um fato anterior que foi a secagem de linhas de financiamento externo ao país.
No início da crise, as empresas de grande porte correram aos bancos em busca de liquidez, mas atualmente a própria demanda por crédito já começa refluir.
Nesse processo o Itaú Unibanco reduziu de 13,5% para 12% a relação do capital sobre o total de ativos ponderado pelo risco, citou Bracher. O que ainda é um indicador bem confortável tendo em vista que a recomendação de Basileia é de 9,5%. O alto provisionamento por perdas esperadas tanto no Itaú quanto no Bradesco pode ser visto como zelo, “mas não excesso de zelo”, disse. O nível de capital dos bancos está em queda com o provisionamento em alta e, consequentemente, a própria capacidade de emprestar vai se reduzindo.
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