Com o mercado bem aquecido para moradia popular, as líderes do segmento econômico em São Paulo, Plano&Plano e Cury, bateram recordes em volume de lançamentos no ano passado e registraram crescimento no primeiro trimestre de 2025. Agora as duas remodelam suas esteiras de lançamentos em decorrência da criação da faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Com renda familiar até R$ 12 mil e limite de R$ 500 mil para o preço do imóvel, a atualização abre oportunidades para atender a classe média.
Campeã no ranking das construtoras, a Plano&Plano fechou 2024 com 26 novos projetos na capital paulista em 69 torres. O valor global lançado (VGL), de R$ 3,2 bilhões, registrou aumento de 23% em relação ao ano anterior, segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).
Rodrigo Luna, vice-presidente da Plano&Plano, destaca os recordes no desempenho operacional. “Foram 30 lançamentos, com 16,2 mil unidades”, diz, incluindo empreendimentos fora da cidade de São Paulo. “É a nossa expansão geográfica”, diz, citando a participação da região metropolitana e do interior de São Paulo no total de R$ 3,7 bilhões em lançamentos e R$ 3,4 bilhões em vendas no ano passado.
Além de Campinas com o Unni Mansões, Luna cita São Bernardo do Campo com o Start Joy, que “hoje é faixa 4, mas antes era classe média baixa”, a partir de R$ 350 mil.
No primeiro trimestre do ano, o VGL foi de R$ 1,2 bilhão, 150% acima do mesmo período de 2024. Em 12 meses (de abril de 2024 a março de 2025), o total chega a R$ 4,6 bilhões. Foram lançados cinco empreendimentos, com 4,3 mil unidades a, em média, R$ 280 mil cada.
“Em 2025, temos o NID Alphaville”, declara Luna, contando que o projeto tem produtos acima do MCMV. Em terreno de 15 mil m², serão quatro torres, de 27 a 29 pavimentos, com 844 apartamentos. As unidades, de 75 m² a 107 m², custam de R$ 930 mil a R$ 1,3 milhão; e coberturas duplex (133 a 193 m²), de R$ 1,5 milhão a R$ 2,3 milhões.
Elogios à atualização do MCMV
Luna elogia as atualizações de renda mensal no MCMV, em especial na faixa 1, que teve reajuste para R$ 2.850. Isso, segundo Luna, permitiu aumentar o número de imóveis enquadrados nesse limite. “Temos performado bem.” Ele afirma que a faixa 1 “exige alta eficiência na engenharia para oferecer, de maneira rentável, apartamentos acessíveis para famílias com essa renda”.
Em vigor desde maio, a criação da faixa 4 é oportunidade para um perfil de cliente que passa a ser financiado pela Caixa Econômica em condições mais favoráveis. “É uma boa notícia e vem num bom momento, porque temos produtos nessa faixa”, comenta Luna, que já sentiu impulso nos estandes. “Com alguns produtos, conseguimos melhora na velocidade de vendas.”
Para ele, essa faixa de R$ 350 mil a R$ 500 mil é peça-chave na estratégia de crescimento da Plano&Plano.
A companhia teve um desempenho muito bom, importante e forte, sendo mais uma vez premiada, o que para nós é motivo de muita honra e orgulho
Rodrigo Luna, vice-presidente da Plano&Plano
Leonardo Mesquita, vice-presidente da Cury, também elogia a criação da faixa 4 do MCMV, abrindo uma janela de oportunidades para novos clientes e maior gama de produtos. “Esse público, de R$ 8,6 mil a R$ 12 mil, estava meio fora do mercado.”
O impacto imediato foi maior procura. “O número de pessoas já aumentou e, após um mês, começou a se tornar venda, mas demora um tempo de análise, para as pessoas entenderem essa nova realidade, de financiamento para aquisição”, diz.
Quando o limite do MCMV era R$ 350, o segmento acima disso tinha mais problemas com financiamento, restrição de crédito e juros altos. “As pessoas voltaram para o jogo”, afirma Mesquita. “Estão tomando a decisão de compra.”
No ano passado, a Cury bateu recorde com 34 lançamentos e valor geral de vendas (VGV) de R$ 6,6 bilhões. A participação da cidade de São Paulo nesses resultados “é em torno de 60%”, calcula Mesquita.
Terceira colocada nos rankings das incorporadoras e das construtoras, a Cury apresentou crescimento de 20% em número de apartamentos e de 31,5% em VGV.
No primeiro trimestre, a companhia fez cinco lançamentos em São Paulo e cinco no Rio de Janeiro, com VGV de R$ 1,8 bilhão. As vendas somaram R$ 1,6 bilhão.
É o prêmio de maior importância de São Paulo. Reconhece o trabalho do mercado e é a grande referência dentro da nossa atividade
Leonardo Mesquita, vice-presidente da Cury
O banco de terrenos também registrou recorde, projetando 52 mil unidades no valor potencial de R$ 15 bilhões. Com empreendimentos próximos a grandes modais de transporte, a Cury oferece moradia econômica em bairros centrais. “Aproxima as pessoas de locais prósperos”, diz Mesquita, ligando o ritmo de crescimento a mudanças de legislação em São Paulo, que incentiva habitação de interesse social (HIS) em regiões com boa infraestrutura. “Isso muda a dinâmica de como será a habitação de São Paulo nos próximos 10 anos”, prevê.
Com 700 apartamentos, o The One Chácara de Santo Antônio tem preço de R$ 240 mil a R$ 350 mil (em média, R$ 8,5 mil/m²). Além de opções com varanda e suíte, o empreendimento tem HIS e unidades de renda livre, sem restrições para aquisição. “Esse é o grande ponto positivo da legislação atual”, afirma Mesquita.
“Dentro de um projeto, com tão boa infraestrutura ao redor, você vê pessoas de diferentes faixa de renda”, diz.